sexta-feira, 31 de outubro de 2008

O Mar - Parte III


"Mais adiante, este mesmo mar se tornaria o ponto de partida de muitos amores, e cenário de manhãs tão esperadas, e noites tão comemoradas.
Hoje o mar da minha memória se funde com o mar do presente, o mesmo mar de sempre.
O mesmo barulho, os mesmos navios, as mesmas espumas.
O mar de hoje cochicha barulho nos meus ouvidos e eu devolvo com segredos que somente esta imensidão é capaz de guardar.
Não me importo com o vento salgado que arde meus olhos. Estou diante de um amigo, desses que a gente não cansa de ouvir e de conversar. É bom estar diante deste mar que beija meus pés, mas, que sacode minha vaidade para fora quando teima em respingar minhas vestes com sal e areia.
Eu grito no vento palavras de amor, de raiva, de esperança diante deste azul intenso que não responde. Mas que ensina como um mestre.
Quantos mares eu vivi, quantas ondas foram puladas com meu corpo frágil, quantos braços eu busquei para enfrentar as correntes, quantos risos de alívio foram libertados de um rosto náufrago pela chegada às margens. Mãos em concha jogavam água pro céu que caiam nacaradas em meus cabelos , secos, duros, salgados e cacheados."


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